Entendendo a dor crônica relacionada ao Chikungunya

Estamos enfrentando um aumento dos casos de doenças virais transmitidas pelo mosquito Aedes aegypt. Hoje vamos dar atenção ao Chikungunya.

Um estudo de 2018, observou que aproximadamente metade dos pacientes com infecção pelo vírus Chikungunya desenvolveu doença crônica que é caracterizada basicamente pela dor crônica.

Em estudos de pacientes com doença crônica devido à infecção por Chikungunya, há uma ampla variação na frequência, na gravidade e na duração dos sintomas da doença. Alguns estudos relatam pacientes que tiveram dor persistente durando 1 mês e com relatos de até 13 anos depois da infecção aguda.

Os sintomas mais relatados são: dor articular crônica, em várias articulações simultaneamente (poliartralgia persistente), dor muscular, rigidez matinal prolongada das articulações e outras manifestações musculoesqueléticas.

As outras manifestações clínicas podem incluir: tenossinovite, ombro congelado e fascite plantar, fenômeno de Raynaud de início recente, síndrome do túnel do carpo, acometimento das articulações do ombro e da ATM. Sinovite (inflamação) de pequenas articulações pode ser comum. A rigidez matinal foi relatada por 75% dos indivíduos, e quase metade relatou que a dor teve um impacto negativo nas atividades diárias.

Esses sintomas são muito semelhantes aos sintomas de doenças reumatológicas crônicas, o que muitas vezes pode gerar uma confusão diagnóstica, especialmente porque a infecção aguda pode não ter sido diagnosticada quando ela ocorreu.

A variação dos sintomas agudos e crônicos entre os pacientes pode ocorrer devida a uma variabilidade geográfica, variabilidade da cepa do vírus e de possíveis comorbidades individuais. Os fatores de risco para o desenvolvimento de manifestações de dor, podem incluir idade maior do que 45 anos, gravidade da poliartrite na fase aguda da infeção por Chikungunya e osteoartrite pré-existente.

É importante ressaltar que as manifestações crônicas geralmente envolvem as articulações que foram afetadas durante a fase aguda da doença. A dor articular pode ser recidivante ou ininterrupta e até mesmo incapacitante.

É importante destacar que os pacientes podem desenvolver uma nova dor em uma nova articulação ou podem apresentar crises de dor nos locais acometidos por artrite já conhecida previamente.

A poliartralgia é persistente e às vezes grave. Essa é a característica mais proeminente da dor crônica associada ao Chikungunya. Muitas vezes não existem sinais objetivos de inflamação ao exame físico realizado pelo médico. Não existem exames que possam comprovar 100% esse diagnóstico de dor crônica causada pela Chikungunya, apenas alguns exames laboratoriais e de imagem que podem ser sugestivos. O mais importante ainda é o exame físico feito pelo médico e um relato preciso do quadro de dor.

A boa notícia é que esses sintomas podem responder aos tratamentos clínicos, baseados em medicamentos que chamamos de modificadores da doença.

Neste momento de aumento dos casos, não deixe de tomar medidas preventivas para evitar a contaminação pelo vírus da Chikungunya. E lembre-se: é possível obter melhora da qualidade de vida, portanto procure um médico especialista o quanto antes caso você seja contaminado!